quarta-feira, 15 de outubro de 2014

S.VICENTE/SP - mar 2012

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                                                         Marco do descobrimento

Nesta fase inicial de mudança ainda estamos descobrindo lugares, coisas e pessoas no próprio prédio, nos arredores e no centro, que é pertinho como todos os demais lugares deste sitio. Da pra fazer praticamente tudo a pé: padaria, supermercados, restaurantes, drogarias, bancos e claro as praias na porta com quiosques e tudo o mais.

A arquitetura urbana no geral não surpreende pela qualidade; é composta de empreendimentos imobiliários residenciais de classe media na orla e avenidas com alguns núcleos comerciais e de serviços, inclusive no centro da cidade. Há bastante habitações de baixa renda, inclusive favelas.

Porém, como varias cidades brasileiras há que garimpar bons exemplos nessa área, que é o que pretendemos fazer com o tempo.
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Edifício Marahu    



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Canto privilegiado


O sistema viário é pequeno, com a avenida da orla, que a liga a Santos, Guarujá e Praia Grande, cortada pelas avenidas que levam ao centro e até a Rodovia dos Imigrantes. Uma delas é conhecida como linha amarela, onde passava o trem de carga para o porto, hoje desativada e muito degradada, que merece um bom projeto de reurbanização.
                                                                           
O prédio onde moro é um capitulo a parte pela sua localização e concepção arquitetônica, elaborado pelo arquiteto Lauro da Costa Lima nos anos 1950, típico exemplar modernista, com uma qualidade plástica, funcional e construtiva invejáveis. Todos os espaços internos são amplamente iluminados e ventilados com vista privilegiada para o mar, tanto para a Praia de Itararé quanto da do Gonzaguinha.

Os pontos turísticos são poucos, mas aprazíveis, como a Praia do Itararé em frente, que faz parte da baia de Santos, a Praia dos Milionários e Gonzaguinha ao lado; a Ilha Porchat também em frente, com muito verde, um bom restaurante panorâmico e o Memorial aos 500 anos, feito por Oscar Niemeyer; o morro do Voturuá ou da Asa delta, com um teleférico que leva a plataforma de saltos de “paraglider” e asa delta;  a histórica ponte pênsil, feita pelo Saturnino de Brito basicamente para a travessia dos esgotos do sistema de saneamento das  cidades da baixada; tradicional a Biquinha, local de catequização de Jose de Anchieta; o morro dos Barbosas, onde está uma bandeira do Brasil, tida como a maior nacional.
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                                                                Ponte Pênsil

Como dissemos estamos ainda em fase de namoro, adaptação e descobertas, da admiração do mar, do movimento constante dos maravilhosos navios que vão atracar ou zarpar do Porto, dos vários tipos de pranchas de surfe, em especial aquela que dá a sensação que se está andando sobre as águas, dos morros com as pedras e vegetação, das asas delta, todas ao alcance cotidiano dos nossos sentidos.

Devemos ainda aprender e nos acostumarmos ao uso regular de camiseta regata, da bermuda, da sandália havaiana, do boné para ficarmos morenaço: do pronome tu e do senso de direção atrapalhado dos locais, das infindáveis bicicletas e motos, dos cachorros em profusão e seus dejetos.

Quem sabe ainda compramos alguma prancha e fazemos uma tatuagem, nem que seja de henna.

Até aqui a mudança tem sido muito benéfica, pela tranqüilidade e felicidade. Esperamos que continue por um longo tempo.



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Praia de Itararé

Já refeito do turbilhão que foi o processo de mudança para S.Vicente, com as operações simultâneas da venda da Chanés e a compra do apto no edifício Marahu, volto às escritas pessoais deste post.

Essa transição foi uma coisa de louco; No tempo recorde de 3 meses, consegui concluir a venda da residência Chanes e a compra do apartamento em S.Vicente, com todas as providencias necessárias envolvidas: financeiras, burocráticas, desmobilização de uma e mobilização do outro. Isso englobou a preparação de papeis, desmontagem dos moveis, eliminação das tralhas mil juntadas pelo caminho, etc e etc. Tudo isso de forma simultânea e vertiginosa.

Passada essa maratona de coisas, a situação começa a ser controlada em termos físicos e mentais, permitindo iniciar a fase das descobertas e desfrute da nova forma de vida, nessa mudança radical.

Sair de uma ampla residência na grande metrópole para viver num apartamento a beira mar, numa cidade pequena, de natureza privilegiada, num ritmo mais calmo. Uma mudança positiva na minha qualidade de vida.

Um mês após a mudança estamos vivendo o namoro com o novo lugar, desfrutando da vista maravilhosa do mar em frente e ao lado, muito verde, vários morros de pedras, numa predominância da paisagem natural sobre a construída. Largas praias de areia com mar calmo, jardins bem cuidados, calçadões e equipamentos urbanos de lugar civilizado.
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                                                           Praia de Itararé
A vida aqui anda mais devagar e de forma mais respeitosa e educada.

S.Vicente é considerada a primeira cidade do Brasil, portanto antiga para os nossos padrões, pequena com em torno de 300 mil habitantes, tradicional pelos seus balneários, de natureza privilegiada, que vive de serviços e comercio ligados ao turismo, unida umbilicalmente a Santos e seu importante porto, próxima também da Praia Grande e Guarujá, compondo a chamada Baixada Santista. Está a somente 60 quilômetros da capital paulista.

Aliás, apesar dela estar no Brasil, com os problemas estruturais decorrentes paira um clima de lugar onde o nível de civilidade e gentileza está acima de vários outros, principalmente das grandes metrópoles.

Vamos a alguns exemplos:

A velocidade máxima urbana para os veículos é de 50 km/h; há ciclovias em varias vias; os motoristas respeitam a faixa de pedestre; Há farto e barato estacionamento nas vias, com zona azul, onde se consegue parar na porta do lugar de destino; as praias possuem calçadões convidativos para caminhadas, barracas de bebidas e salgados, equipamentos de esportes e lazer, como aparelhos de ginásticas, sanitários públicos, duchas salva vidas, bancos; Há muito sol, calor, alta luminosidade e umidade e uma brisa constante.
Com tudo isso pode-se levar uma vida mais informal no vestir, natural ao se alimentar e nos prazeres simples e genuínos da vida.

Neste curto período já fui surpreendido por vários gestos de cortesia e gentileza, incomuns na grande metrópole. Ora a orientação para o melhor estacionar e atravessar a rua; ora a sutil repreensão do carro que invadiu a faixa de pedestres, com o discreto tamborilar no capo do veiculo, sem gritos ou histeria; ora a doação gratuita de ingressos para assistir a Encenação de criação da Vila de S.Vicente, espetáculo fantástico, que merece um capitulo á parte; Outro dia, enquanto aguardava para retirar o saquinho para me servir de frutas no supermercado, uma pessoa que usava o aparelho, simplesmente retirou um e meu ofereceu antes dela.

Percebi que estes gestos de cortesia e atenção são generalizados na cidade.
Claro que tudo isso ainda não chega a um nível europeu, mas tem sido diferente, animador e tranquilizante ver por aqui.

Infelizmente tive pouco tempo ou disposição de caminhar na orla ou dar um mergulho, apesar do tempo e as condições serem convidativas. Porém, tenho uma boa desculpa para isso. Desde que cheguei sofro com uma infecção dentaria, que já me levou o canino, que fraturou a raiz e suportava uma velha prótese. Aliás, numa dessas poucas vezes que consegui ir à água acabei batizado em regra: enquanto boiava na parte rasa fui simplesmente atropelado por uma prancha que me acertou a cabeça, o ombro e até cortou meu braço, felizmente tudo sem gravidade.

Nesse curto período, que coincide com a temporada de verão, há um movimento maior que o normal nas praias, pelas festas de fim de ano, as férias escolares, o carnaval. Aliás, o carnaval foi uma surpresa desagradável pelo excesso de barulho e bagunça em frente ao prédio, prejudicando o desejado sossego.

Porem, não devemos esquecer que na praia sempre pinta um clima de festa, de descontração, mas que alguns brasileiros sempre acabam extrapolando.



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