quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Três Tempos


REFLEXÕES 15 / TRÊS TEMPOS – Antes, durante e depois

Como num filme, o desenrolar das nossas vidas corre basicamente por 3 etapas temporais distintas: as passadas, já conhecidas e definidas, as presentes, que estão em andamento e se desenrolando agora e outras futuras, cujos prognósticos são desconhecidos, apesar do final previsível.

Creio que há um certo desequilíbrio e assimetria entre esses 3 momentos da nossa vida.
Enquanto o passado é o tempo vivido, como um baú fechado, o presente está transcorrendo neste momento e o futuro é aquele que se vislumbra, vivemos sensações diversas e de intensidades diferentes em cada um desses momentos.

Assim. o PASSADO é um reservatório cheio, um livro já escrito, como um deposito repleto de acontecimentos, história, lembranças e reminiscências, o presente representa o estado atual momentâneo se desenrolando e o futuro é sempre aquela incógnita temporal imponderável.

É no passado que estão guardadas, na nossa memória, todas as imagens e registros importantes vividos, de forma nítida ou enevoada, desde o nosso nascimento, crescimento, formação, processo de amadurecimento e envelhecimento, contando as alegrias e tristezas, conquistas e perdas, amizades e amores havidos e todo o conhecimento acumulado.

Quantos acontecimentos, emoções que se desenrolaram, desde o início que viemos à luz até o dia de ontem, onde os planos e realizações que ocuparam nosso   tempo ficaram marcados para sempre.

As festas, os aniversários, os almoços de domingo,  as uniões e relacionamentos, o primeiro beijo,  a formatura, a luta pelo trabalho, a primeira vista do mar, o primeiro salário,  os períodos políticos difíceis, a casa nova, o primeiro carro, o nascimento dos filhos e dos netos, as perdas e lutos familiares e dos amigos próximos, os sustos das fraturas e  doenças, os desencantos e todos os demais eventos que ficaram indelevelmente fixados na nossa memória.

É no passado que está nosso registro histórico, as descobertas, o aprendizado, a construção e a consolidação do conhecimento, do nosso patrimônio, onde os erros nos ensinaram o caminho do aperfeiçoamento.

Tem gente que não consegue se desligar do passado, onde tudo era bom, segundo elas. Carregam um peso considerável, que atrapalha a continuidade da vida de forma saudável.

Já o presente, o HOJE, que está em movimento, representa sempre um desafio de adaptação ao momento, às mudanças de condições, aos novos tempos, às limitações físicas e mentais, ao avanço da tecnologia, à velocidade na circulação de dados e informações, a virtualidade das relações, aos novos paradigmas.

Ele pode correr de forma anódina, um tanto insipida e indelével, parecendo ocupar o tempo lenta e inconsequente para uns, como frenético para outros. Depende da fase da vida em que nos encontramos.

No nosso caso, que estamos fora do mercado produtivo, o hoje corre mais lentamente, como numa velocidade analógica, artesanal, mais presencial e sem compromissos formais, numa última tentativa para usufruir dos prazeres e obrigações mínimas que ainda restam.

Diferentemente de outros, principalmente a nova geração, que acredita que o importante é o VIVER AQUI E AGORA, de uma forma egoística e virtual, ignorando o conhecimento histórico do passado e como se o futuro não existisse ou não importasse.

Essa geração se distingue da nossa não só pela velocidade na forma de viver, e até de falar mais rápido, fruto da ansiedade, da revolução tecnológica, dos algoritmos, como também por seus valores morais e sociais diferentes, de como encarar a perspectiva de vida, o sentido da propriedade, o acúmulo de patrimônio material e tantos outros.

Sem fazer juízo de valor, é uma geração individualista, pragmática, do cultivo ao corpo, impaciente, consumista, que quer o sucesso e riqueza a todo custo.

Quem ignora o passado corre o risco de repetir seus erros ou sem planejamento estratégico não se chega a lugar algum, foram os ensinamentos que os antigos nos martelavam sempre.

Claro que não sabemos qual dos caminhos é o melhor, mais consequente e exitoso; tendo consciência que falhamos em vários pontos na nossa trajetória; desejamos que os que nos sucedem tenham melhor resultado. Não só para si, mas também do ponto de vista social.

Quanto ao nosso FUTURO em particular, ele se apresenta num horizonte de tempo mais curto e imediato, face aos mais de dois terços de caminho percorrido; não sei se acrescentará mais muitas novidades, apesar de estarmos abertos a elas.

Em compensação o da humanidade, se me permitem a presunção de especular, muitos desafios de toda ordem estão postos; sejam em relação aos avanços tecnológicos, a degradação do meio ambiente, a superação das desigualdades, as mudanças de comportamento etc.

Eu da minha parte, estou satisfeito com o meu ciclo temporal de vida; mas ficaria muito mais feliz, num futuro não muito distante, se houvesse paz e harmonia entre as pessoas e nações, se fosse eliminada a fome, a miséria as desigualdades, as iniquidades, a intolerância, o racismo, e todas as mazelas que ainda atacam a humanidade em pleno século 21

Como vêm, sou um sonhador inveterado.  Ainda bem. Viva os nossos 3 tempos.

Edison Eloy de Souza / janeiro 2020


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