REFLEXÕES 15 / TRÊS TEMPOS – Antes,
durante e depois
Como num filme, o desenrolar das
nossas vidas corre basicamente por 3 etapas temporais distintas: as passadas, já
conhecidas e definidas, as presentes, que estão em andamento e se desenrolando
agora e outras futuras, cujos prognósticos são desconhecidos, apesar do final
previsível.
Creio que há um certo
desequilíbrio e assimetria entre esses 3 momentos da nossa vida.
Enquanto o passado é o tempo
vivido, como um baú fechado, o presente está transcorrendo neste momento e o
futuro é aquele que se vislumbra, vivemos sensações diversas e de intensidades
diferentes em cada um desses momentos.
Assim. o PASSADO é um reservatório
cheio, um livro já escrito, como um deposito repleto de acontecimentos, história,
lembranças e reminiscências, o presente representa o estado atual momentâneo se
desenrolando e o futuro é sempre aquela incógnita temporal imponderável.
É no passado que estão
guardadas, na nossa memória, todas as imagens e registros importantes vividos,
de forma nítida ou enevoada, desde o nosso nascimento, crescimento, formação,
processo de amadurecimento e envelhecimento, contando as alegrias e tristezas,
conquistas e perdas, amizades e amores havidos e todo o conhecimento acumulado.
Quantos acontecimentos, emoções
que se desenrolaram, desde o início que viemos à luz até o dia de ontem, onde
os planos e realizações que ocuparam nosso tempo ficaram marcados para sempre.
As festas, os aniversários, os
almoços de domingo, as uniões e
relacionamentos, o primeiro beijo, a
formatura, a luta pelo trabalho, a primeira vista do mar, o primeiro salário, os períodos políticos difíceis, a casa nova, o
primeiro carro, o nascimento dos filhos e dos netos, as perdas e lutos familiares
e dos amigos próximos, os sustos das fraturas e doenças, os desencantos e todos os demais
eventos que ficaram indelevelmente fixados na nossa memória.
É no passado que está nosso
registro histórico, as descobertas, o aprendizado, a construção e a consolidação
do conhecimento, do nosso patrimônio, onde os erros nos ensinaram o caminho do
aperfeiçoamento.
Tem gente que não consegue se
desligar do passado, onde tudo era bom, segundo elas. Carregam um peso
considerável, que atrapalha a continuidade da vida de forma saudável.
Já o presente, o HOJE, que
está em movimento, representa sempre um desafio de adaptação ao momento, às
mudanças de condições, aos novos tempos, às limitações físicas e mentais, ao
avanço da tecnologia, à velocidade na circulação de dados e informações, a
virtualidade das relações, aos novos paradigmas.
Ele pode correr de forma anódina,
um tanto insipida e indelével, parecendo ocupar o tempo lenta e inconsequente
para uns, como frenético para outros. Depende da fase da vida em que nos
encontramos.
No nosso caso, que estamos
fora do mercado produtivo, o hoje corre mais lentamente, como numa velocidade
analógica, artesanal, mais presencial e sem compromissos formais, numa última tentativa
para usufruir dos prazeres e obrigações mínimas que ainda restam.
Diferentemente de outros,
principalmente a nova geração, que acredita que o importante é o VIVER AQUI E
AGORA, de uma forma egoística e virtual, ignorando o conhecimento histórico do
passado e como se o futuro não existisse ou não importasse.
Essa geração se distingue da
nossa não só pela velocidade na forma de viver, e até de falar mais rápido, fruto
da ansiedade, da revolução tecnológica, dos algoritmos, como também por seus
valores morais e sociais diferentes, de como encarar a perspectiva de vida, o
sentido da propriedade, o acúmulo de patrimônio material e tantos outros.
Sem fazer juízo de valor, é uma
geração individualista, pragmática, do cultivo ao corpo, impaciente, consumista,
que quer o sucesso e riqueza a todo custo.
Quem ignora o passado corre o
risco de repetir seus erros ou sem planejamento estratégico não se chega a
lugar algum, foram os ensinamentos que os antigos nos martelavam sempre.
Claro que não sabemos qual dos
caminhos é o melhor, mais consequente e exitoso; tendo consciência que falhamos
em vários pontos na nossa trajetória; desejamos que os que nos sucedem tenham
melhor resultado. Não só para si, mas também do ponto de vista social.
Quanto ao nosso FUTURO em
particular, ele se apresenta num horizonte de tempo mais curto e imediato, face
aos mais de dois terços de caminho percorrido; não sei se acrescentará mais
muitas novidades, apesar de estarmos abertos a elas.
Em compensação o da humanidade,
se me permitem a presunção de especular, muitos desafios de toda ordem estão
postos; sejam em relação aos avanços tecnológicos, a degradação do meio
ambiente, a superação das desigualdades, as mudanças de comportamento etc.
Eu da minha parte, estou
satisfeito com o meu ciclo temporal de vida; mas ficaria muito mais feliz, num
futuro não muito distante, se houvesse paz e harmonia entre as pessoas e nações,
se fosse eliminada a fome, a miséria as desigualdades, as iniquidades, a
intolerância, o racismo, e todas as mazelas que ainda atacam a humanidade em
pleno século 21
Como vêm, sou um sonhador
inveterado. Ainda bem. Viva os nossos 3 tempos.
Edison Eloy de Souza / janeiro
2020
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