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| Piramide do Louvre - Arquiteto I.M.Pei |
“Acredito que a Geometria seja fundamental para entender Arquitetura.
Meu trabalho é feito por meio da geometria. No mundo da arquitetura, a linguagem geométrica é tão importante quanto a linguagem estrutural.
As duas são importantes meios de inspiração para mim, junto com as propriedades dos materiais e o mundo da natureza.” Arquiteto Santiago Calatrava.
Na semana passada uma professora, mestranda de uma Universidade, pública, mandou-me um email dizendo que estava preparando uma Dissertação sobre Arquitetura e Geometria, na área de Educação para a Ciência e a Matemática.
Ela havia visto meu trabalho sobre a As Formas Arquitetônicas e suas Geometrias * realizado no Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade S.Judas Tadeu para a obtenção do meu titulo de Mestre em 2006, com a orientação do caro amigo Professor Doutor Yopanan Conrado Pereira Rebello, quem revolucionou o ensino de estruturas para os arquitetos.
A professora elogiava o trabalho e pedia dicas e sugestões sobre o tema, já que seu orientador tinha dúvidas sobre a pertinência da pesquisa e o interesse dos alunos nessa temática.
Em primeiro lugar registro que é muito gratificante e inesperado que um trabalho acadêmico dessa natureza possa despertar curiosidade e interesse.
Ele é um calhamaço de 555 páginas, resultado de dois anos de pesquisa no clássico e amarrado formato acadêmico, apresentado em 3 partes:
A Introdução com a justificativa, os objetivos, as hipóteses e a forma de abordagem;
A 2ª. Parte, mais conceitual, que buscou as referencias e os pressupostos teóricos, abrangendo a Geometria como ciência, ramo da Matemática, a fundamentação geral das formas, a caracterização e diferenciação entre as formas geometrias e as arquitetônicas.
A 3ª. Parte, objetivo maior da pesquisa, apresenta a análise de 101 obras de Arquitetura nacional e internacional, sob o ponto de vista das suas formas arquitetônicas, derivadas da aplicação das formas geométricas.
Nele viajamos pelo mundo das formas arquitetônicas e geométricas desde os primórdios da Geometria Euclidiana e não Euclidiana, chegando até os novos e sofisticados conceitos das Geometrias Fractais, Biônica e a Topologia.
Um universo fascinante de descobertas que alimentam não só nossa imaginação e curiosidade intelectual como também nos ensinam a estreita ligação entre os vários ramos do conhecimento cientifico.
A primeira vista pode-se perguntar o que a Arquitetura tem a ver com a Geometria.
Eu diria que tudo. A Arquitetura está repleta de volumes, regulares ou não, sejam prismáticos, piramidais, cônicos, esféricos, cilíndricos, helicoidais, que definem e emolduram toda sorte de espaços interiores e exteriores, que a nossa imaginação consegue produzir.
Desde a antiguidade clássica a Geometria, como ramo da Matemática, sempre foi cultivada pelos maiores gênios e filósofos, como Platão, Sócrates, Aristóteles e Euclides. Este ultimo foi o responsável pela criação e reunião 2.000 anos de descobertas na área, conhecidas até hoje como Geometria Euclidiana.
A importância da Geometria era tanta nessa época, que ficou famosa a inscrição no frontispício de uma academia, creio que na Platão, que dizia: “É Proibida a entrada de quem não souber Geometria”.
De Leonardo da Vinci e Michelangelo a Frank Gehry e Zaha Hadid, passando por Oscar Niemeyer, Le Corbusier, Frank Lloyd Wright, Mies Van der Rohe, Alvar Aalto, Gaudi, Santiago Calatrava, Norman Foster e tantos outros arquitetos famosos que usaram ou ainda se valem da Geometria para viabilizar suas formas arquitetônicas.
Claro que a Arquitetura não depende só da Geometria, pois envolve um ato criador mais complexo, mas ela é um elemento fundamental para a sua realização, pois além de alimentar a imaginação, permite resolver as questões gráficas de projeto.
Arquitetura é obra construída, que para ser viabilizada se baseia em planos e projetos, traduzidos e desenhados por elementos gráficos, executados com todo o rigor geométrico e segundo normas técnicas padronizadas.
A Geometria, como a música, é uma linguagem universal compreendida em qualquer parte do mundo, que permite a construção fiel de um projeto, através apenas dos seus desenhos técnicos.
Pena que ainda falta, no nosso ensino fundamental e universitário, a devida consciência sobre a importância da Geometria na formação geral e específica, principalmente para os arquitetos e engenheiros.
Como resolver graficamente questões construtivas comuns, como por exemplo, os diversos planos de uma cobertura complexa, ou da concordância de uma curva com sobre-elevação de uma rodovia, sem o mínimo conhecimento geométrico?
Claro que os novos programas de computador ajudam muito a resolver essas questões gráficas; Mas como inovar nas formas e propostas sem uma base teórica e conceitual da Geometria?
Poderíamos, com licença de Platão, terminar parafraseando a inscrição da academia citada, colocando-a em nossas escolas e Universidades com a seguinte redação: “Só é permitida a entrada àqueles interessados em aprender Geometria”.
Por fim, desejamos sucesso para o trabalho acadêmico da professora que nos solicitou.
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